O olho de Deus não joga dados – Rogério Essin

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O OLHO DE DEUS NÃO JOGA DADOS

Release do CD de estreia do cantor e compositor Rogério Essin

Inspirado na conversa entre Einstein e Max Born sobre a física quântica, em que ele afirma que Deus não joga dados com o universo, o cantor e compositor Rogério Essin criou o repertório de “O olho de Deus não joga dados”, seu primeiro álbum, em que apresenta 10 canções autorais e uma regravação, a canção “Você tá mais bonita”, de Antônio Ceará, seu pai, e Elias Soares.

O álbum traça um painel musical a partir de múltiplos olhares sobre o Brasil: um país que se vê mas nem sempre se enxerga, um país invisível a ser redescoberto, um país que olha para o mar e esquece de olhar para sua terra, um país que só é visto na reduzida faixa de terra entre o mar e a montanha, um país que ama profundamente os seus filhos naturais, adotivos, gratos e ingratos, enfim, um Brasil complexo, generoso e habitado por gente, como o próprio Rogério, com grande fé e esperança no futuro.

Produzido por Fernando Caneca, o álbum conta com as participações de Arthur Maia (baixo), Cesinha (bateria), Beto Sousa (acordeom), Lui Coimbra (Violoncelo), Cláudio Infante (bateria), Donatinho (teclado) e do próprio Fernando Caneca (guitarra e violões). O olho de Deus não joga dados traduz o resultado sonoro construído através da colaboração desses vários olhares musicais e suas perspectivas de mundo, mostrando que o todo é muito mais que a soma das partes, e que o que se faz coletivamente transcende o individual, ao mesmo tempo que o constitui e forma. 

Segundo o artista: “O olho de Deus não joga dados” é um trabalho pautado nas lições da alma brasileira: é musicalmente variado em estilos e sons, contém um crucial otimismo filosófico e se aproxima da antropofagia cultural em suas referências. (Rogério Essin)

LETRAS

De Recife a Gramacho (Rogério Essin)

DE RECIFE A GRAMACHO (Rogério Esin)

 

Vamos embora,
Que o mundo “arrodiou”,
A terra é grande,
Meu olho atravessou,
Terra pequena,
Meu olho atravessou,
Saí do mesmo mangue,

 

De Recife a Gramacho,
Filhos da mesma lama,
Lama do mesmo saco,
A lama é mesmo lixo,
Lixo é ter pé na lama,
O lixo é mesmo um luxo,
Paga até minha “cana”,
Pra sustentar meus dias em mergulho no lixo,
Pego tudo que vem, mas não sou lixo,
Eu sou é mangue!!!

 

Maracatu atômico,
Lixão analógico,
Ventríloquo do lixo?
Eu passo disso, eu passo!
Pra descansar e arrefecer eu danço, eu canto,
O lixo é muito estranho:
Quer beber o meu sangue!
Tem caminhão chegando,
Vou voltar ao trabalho,
Urubu “tá” chegando,
Sai de perto:
Eu sou é mangue!!!

 

Tudo bem,
Se a minha letra não te alcançar,
Se esta canção não te emocionar,
Não se incomode,
Eu estou aqui,
Não se incomode,
Eu existo!!
Eu sou mangue!!!
Eu não sou lixo!!!

Agora eu vou (Rogério Essin)

AGORA EU VOU (Rogério Essin)

 

Eu não sabia utilizar pincel
Nem sabia desenhar um céu,
De repente,
O céu caiu sobre os meus pés

 

Eu me assustei com este “peso azul”
E o meu medo me “tornou azul”
Assustado,
Eu tive que correr pra mim!

 

E correndo me apercebi,
Que havia um raio sobre mim
Escorreguei,
Me machuquei,
Mas não desisti,

 

Um relâmpago,
Uma emoção
Penetrando no meu coração,
Na minha perna:
A “ferida”
E tudo que sou
Na minha língua,
Minha vida,

 

Agora eu vou!

Só mais um (Rogério Essin)

SÓ MAIS UM (Rogério Essin)

 

Eu não quero ser só mais um
Na sua vida
Eu não quero que a porta dos fundos seja a saída
Eu só quero ir mais distante e ter futuro
Com você perto,
Fica mais fácil,
Eu juro!

 

Num instante eu te observo
E te admiro
Ouço a paz do teu relato
E do teu delírio
Eu aprendo muito quando estou contigo
Lado-a-lado,
Ombro amigo!

 

Não há tropeço,
Terremoto,
E nem haverá solidão
Não há maldade,
Tempestade,
E nem haverá ilusão

 

As verdades,
Ponto-a-ponto estarão aqui
Eu não sou mais um e nem sou tão bom assim

 

Como você sabe cantar e sabe sorrir…
Eu não quero ser só mais um
Na sua vida!

Orange City (Rogério Essin)

ORANGE CITY (Rogério Essin)

 

Orange city
“Tá” no limite,
Voando baixo,
Querendo ficar quite
Com o futuro…
Mas qual o futuro
Que nos permite,
Vivendo em Orange City?
Qual o futuro?

 

O caldo entornou,
A terra transbordou,
O ribeirão chorou
E eu chorei também
A terra devolveu o que não era seu
E o que era seu
Alguém tirou também
Tornando triste,
De tudo triste,
Fechando os olhos,
Que ainda resistem
“Oh, Orange City,
Vê se cuida de ti!”

 

A casa se quebrou,
O vidro estilhaçou,
O sangue transbordou
E se cortou também,
O que será depois?
O que virá depois?
Eu quero estar depois,
Quero viver também …
Em terra firme,
Num mundo firme,
De gente firme,
E que amem aqui!
Em Orange City,
Eu fui muito feliz!

A elegância (Rogério Essin)

A ELEGÂNCIA (Rogério Essin)

 

Eu avistei a elegância
Do alto do Morro dos Pretos Escravos
Vestia José um tecido de flores
Sobre a túnica branca
Lembrava da fé do homem do povo
Que quer alma franca

 

E sobretudo a elegância é tão elegante
Ao povo que dança…
A dança da Terra,
Mãe D’África gera
Vários sons que levantam
Teu vento, teu ventre
De branco, de preto
Cadência e elegância
E como te dizer?

 

A natureza elegante que veste o mar
E calça a Terra
De pedras douradas,
De plantas e flores,
De metais e humanos,
Elegância é amar,
Viver, ser amado
É ser dono da Terra
A criança elegante,
Do dia, da noite
De casa,
Da rua…

 

Saltando entre os barracos,
Os carros, vitrines
Mansões e a abastança
Mas o que é deselegante
É vendar o presente
E matar o futuro
Elegância é alegria
Com graça, com jeito
Pra cima,
Andança…

 

“José, tua fé purifica a gente,
E nos transforma em criança
E como te dizer?”

Novamente divino (Rogério Essin)

NOVAMENTE DIVINO (Rogério Essin)

 

Divino e maravilhoso,
Quando o fim não é o fim
O impacto mais profundo,
No fundo não é ruim
È gratuita a licença pra ser tudo,
Ser gente,
Ser sim
Já que tudo vale a pena,
Quando a alma não é pequena

 

Sim,
Eu estarei,
Atento e quase feliz,
Por dizer:
Divino maravilhoso
E eu cantarei
E por cantar
Eu me sentirei
Quase luz…
Por não ter medo da vida

 

Sei que vez em quando
A razão dá costas pra mim
Vou no fundo,
Levo tombo,
Vou no inferno
E renasço no fim
O sucesso é o ponto de encontro
Do começo,
Meio e fim,
Hoje eu se que a resposta
Nasce bem antes da pergunta

 

Sim,
Eu estarei,
Atento e quase feliz
Por dizer:
Divino maravilhoso.

O olho de Deus não joga dados (Rogério Essin)

O OLHO DE DEUS NÃO JOGA DADOS (Rogério Essin)

 

Um olho cego a vida inteira
Um outro sem razão
Outro com ódio atravessado

 

Outro feriu na amendoeira
É muita solidão…
De um vazio lacrimejado

 

O olho azul gargalhou sua vitória
O olho negro não tem trabalho
O olho astuto cravou a sua cerca
Entre a espada,
O tudo e o nada!

 

Um olho bruto é um olho sem um coração
Um olho culto nem sempre tem alma
Um olho pode ser medonho,
Pode ser que não,
Pode ser sonho,
Pode ser trauma

 

O olho que tudo vê é muito estranho
Ele vê tudo e não pede nada,
Mas olha bem nos meus olhos me dizendo:
“O olho de Deus não joga dados…
Por que só trabalha!”

 

Onde está o meu pai?
Quero ver meu pai!

Os homens não sabem chorar (Rogério Essin)

HOMENS NÃO SABEM CHORAR (Rogério Essin)

 

Tela,
Na minha frente a luz amarela
Soltar o grito que me desespera
Como largar o que já se acabou?

 

Calma,
Não sei porque, mas tenho que ter calma,
Não sei porque, mas tenho que ter alma,
Choro e fé!

 

Pulsa,
O coração do homem sempre pulsa,
A ligação do peito sempre pulsa,
Querendo o sentimento da mulher

 

Ela,
Essa porção mulher que o homem busca
Essa porção mulher que nos ajusta
É quem nos faz viver

 

Quem sabe assim a ilusão se orienta,
A inversão que nos desfaz e que sustenta
A falta de choro
E da mulher
No homem…

Alguém está devendo (Rogério Essin)

ALGUÉM ESTÁ DEVENDO (Rogério Essin)

 

Pra tudo na vida:

Um remédio!

Seja tristeza ou tédio

Pra qualquer descuido:

Um susto!

Pois tudo tem preço e custo!

 

Pois qual é o seu preço?

O que eu mereço?

 

Aos poucos eu faço o caminho

A sorte vem aos pedacinhos…

O que não é meu não dá sorte

Só torna mais forte a morte!

 

Pois qual é o seu preço?

O verso ou o avesso?

 

Alguém está devendo

Faz tempo,

Por fora e por dentro,

Parado ou em movimento,

Tomara que haja tempo,

Salvar sua mão,

Quem rouba é ladrão!

 

Alguém está te vendo,

Faz tempo,

Por fora e por dentro,

Parado ou em movimento

Tomara que haja tempo,

Salvar a visão,

Quem rouba é ladrão!

A onda (Rogério Essin)

 A ONDA (Rogério Essin)

 

Eu quero afiar os meus olhos
E lapidar seu sorriso
Captados numa freqüência
De um rádio desconhecido
Eu penso naquela emissão
De raios tão instruídos
Ligados numa missão
Enfrentar o destruído,

 

Na onda!

 

E numa concepção
Eu vejo vários sentidos
No fracasso, apogeu
Eu ouço muitos gemidos
A onda é como um lençol:
Tesouro do desvalido!
Cobrindo o céu pelo mar,
Torpedos redimidos?!

 

Na onda!

 

“Vade retro” de mim a lama
Se eu “to” na onda
Não quero água!
Pois se a sede não me alcança
O céu não seca a terra
Que leva a poeira lavada

 

Na onda!

 

A nave descarregou na terra prometida
Se Vera Cruz vem do mar,
Por que tanta sede á vista?

Você tá mais bonita (Antonio Ceará e Elias Soares)

VOCÊ TÁ MAIS BONITA (Antônio Ceará e Elias Soares)

 

Fui na fazenda visitar a morena
Dona do meu coração
Meu coração batia
De tanta alegria
Quando peguei tua mão

 

Mas acontece que eu errei
Mas voltei implorando,
Pedindo perdão
Você roubou minha paixão
Imensa solidão
Doendo no meu coração

 

Eu esperei tanto por este dia
Como eu sofria
Quando te deixei

 

Meu coração ainda palpita
Você “tá” mais bonita
Do que eu pensei.

Ficha Técnica

O OLHO DE DEUS NÃO JOGA DADOS
Rogério Essin

 

Produção Musical e Arranjos: Fernando Caneca
Produção Executiva: Sosa
Gravado no Estúdio QG (De Arthur Maia, em Piratininga) de abril de 2008 a agosto de 2008

 

Técnicos de Gravação: Marcelo e Bob
Mixagem: Rodrigo Vidal (Home Studio)
Masterização: Osvaldo Vidal (Home Studio)

Faixas do álbum:

 

1 De Recife a Gramacho (Rogério Essin) – BRBDC2200002
Rogério Essin – voz
Fernando Caneca – guitarras e efeitos eletrônicos
Arthur Maia – baixo
Cláudio Infante – bateria

Beto Sousa – acordeon

 

2 – Agora eu vou (Rogério Essin) – BRBDC2200003 – Deck
Rogério Essin – voz
Fernando Caneca – violões e guitarras
Arthur Maia – baixo
Cesinha – bateria
Donatinho – teclados

 

3 – Só mais um (Rogério Essin) – BRBDC2300003 – Deck
Rogério Essin – voz
Fernando Caneca – violão tenor e guitarras
Arthur Maia – baixo
Cesinha – bateria
Donatinho – piano e teclados

 

4 – Orange City (Rogério Essin) – BRBDC2300002 – Deck
Rogério Essin – voz
Fernando Caneca – guitarra base e guitarra solo
Arthur Maia – baixolão
Cesinha – bateria
Donatinho – piano e teclados

 

5 – A elegância (Rogério Essin) – BRBDC2300004
Rogério Essin – voz
Fernando Caneca – guitarras
Arthur Maia – baixo
Cláudio Infante – bateria

 

6 – Novamente divino (Rogério Essin) – BRBDC2300007 – Deck
Rogério Essin – voz
Fernando Caneca – violão e guitarra
Arthur Maia – baixo
Cesinha – bateria
Donatinho – teclados e efeitos eletrônicos

 

7 – O olho de Deus não joga dados (Rogério Essin) – BRBDC2300001 – Deck
Rogério Essin – voz
Fernando Caneca – violões e guitarras
Arthur Maia – baixo fretless
Cesinha – bateria
Lui Coimbra – cello

 

8 – Homens não sabem chorar (Rogério Essin) – BRBDC2300006 – Deck
Rogério Essin – voz
Fernando Caneca – guitarras
Arthur Maia – baixo
Cláudio Infante – bateria
Donatinho – piano e teclados

 

9 – Alguém está devendo (Rogério Essin) – BRBDC2200004 – Deck
Rogério Essin – voz
Fernando Caneca – guitarra
Arthur Maia – baixo
Cesinha – bateria
Donatinho – teclados

 

10 – A onda (Rogério Essin) – BRBDC2300005 – Deck
Rogério Essin – voz
Fernando Caneca – violões e guitarras
Arthur Maia – baixo
Cláudio Infante – bateria
Lui Coimbra – cello

 

11-Você tá mais bonita (Antônio Ceará/Elias Soares) – BRBDC2300008- Leblon Musical
Rogério Essin – voz
Fernando Caneca – guitarras
Arthur Maia – baixo
Cesinha – bateria
Beto Sousa – acordeon